sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Dia 6 - Definições eloquentes de um amor que desconheço

Às vezes penso no amor como algo pré definido para nos fazer alterar os planos de vida e seguir outro rumo. O amor é muito mais que sexo, idas ao cinema, ramos de flores e caixas de chocolate, o amor dá e tira a fome.
Tive que deixar de acreditar nele para ter o que se chama de uma vida normal, penso que nasci sem emoções com o tempo, através de afectos fui adquirindo-as e só hoje sei o quanto lamento isso.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Dia 5 - Quem é que entende os homens? Eu não!

Na melancolia do quotidiano vieram ter comigo sentimentos passados,  os quais eu havida gasto um passado para os tentar esquecer e quantas vezes em vão estes me ignoraram e me fizeram perceber que eu devia seguir em frente e que a minha vida era tanto mais que isto. Por fim, consegui eu superar, consegui eu refazer a minha vida sem preocupação com o meu outro eu, que agora chamo ele.
Há coisas que só duas pessoas entendem e há relações que nem com o passar do tempo perdem a sua essência. Mas se da primeira vez correu mal porque vai agora tudo dar certo não são os anos que passamos juntos o suficiente para percebemos  que não funciona?
Quando as relações acabam, somos nós as mulheres que sofrem mais, é verdade! Eles começam logo a sair com os amigos como se nada se tivesse passado, conhecem pessoas novas, fazem coisas novas e nós ficamos ali mergulhadas na depressão a vê-los agir como se tivessem a ter a melhor vida do mundo. Cheguei por fim à conclusão que era eu o problema, deve ter sido um alívio ter-se visto livre de mim finalmente. Com o tempo aceitei, tínhamos imensos problemas e discutíamos imenso, para não falar do extremo grau de desconfiança que ele tinha de mim, acho que com o tempo também me tornei desconfiada, acredito que quando as pessoas desconfiam muito é porque também escondem alguma coisa e no fim acreditem já escondíamos tudo.
Não lutei pela relação, surgiram-me oportunidades de me realizar profissionalmente e não hesitei, em três meses conseguimos deitar fora uma relação de anos.
Passou meio ano até conseguir aceitar o facto de o ter perdido mas sempre o achei bem. Hoje percebi que não, ele diz que não, talvez esteja confuso, se sinta sozinho, não sei, o certo é que o meu mundo tão certo desabou e surgiram imensas questões nas quais me sinto a divagar.
Quero -lhe dizer que não sou boa pessoa, que não sou a mãe que ele quer para os filhos dele e que nunca o vou fazer feliz, mas deixo-o falar ele acha que fizemos problemas em coisas que não eram um problema, que cada dia que passa pensa mais em tudo o que aconteceu, perdeu as certezas das decisões que havia tomado, no fim desculpa-se de me ter vindo falar tudo isto mas já é tarde, já as emoções, traumas, sensações do passado estavam à tona. Não, não estava à espera, fiquei em choque. Porquê isto depois de tudo? Tinha conseguido superar tudo sozinha, reconstruí uma vida da qual me orgulho. Quantas vezes não enlouqueci e pensei em fazer as maiores merdas? Mas não, contive-me, pensei na família, nos amigos, segui a minha vida e deixei-o seguir a dele. Claro que não foi fácil. Desesperava quando sabia que ele falava com outras e quando me pediu que me afastasse.
Só lhe consegui perguntar como é que se foi lembrar de mim agora, porquê?
Era um assunto pendente, que lhe havia vindo a remoer nos últimos tempos, achou melhor dizer-me, não sabia se era o mais acertado mas sentiu que o devia fazer. Não sei, a mim custa-me acreditar quando me lembro das nossas últimas conversas e a ideia que tinha era precisamente o contrário.
Ele apercebeu-se que não há nada melhor na vida do que teres alguém que esteja contigo por aquilo que realmente és. Realmente nunca quis mudar ninguém, mas lembro-me do problema ser sempre o facto de eu não mudar a minha personalidade, demasiado ridícula, demasiado mau feitio, demasiado arrogante, demasiado parva, demasiado filmática e nada fácil de lidar. O que mudou afinal?
Nada mudou, ele é que achava que sim, não esquece o meu feitio difícil e reconhece o dele, apercebeu-se que deitou fora uma das melhores coisas que já teve, lembra-se dos dias em que estava na merda e estava alguém lá que era capaz de mudar isso tudo, agora o dia seguinte consegue ser pior.
Perdemos algo único, concluí.
Desisto da conversa que não vai dar em nada, confusa da minha suposta recuperação nestes seis meses.
Como pode ele querer que acredite nisto quando passou meio ano a convencer - me do contrário?
Vocês entendem os homens? Eu não! Quando dás tudo e te empenhas de lhe mostrar o quanto ele é tudo para ti, ele está nem aí para isso.
Podia ser uma cabra e aproveitar-me dos sentimentos genuínos dele para me vingar do que passei. Podia, não podia? Podia, mas não estou assim tão louca e quando aprendemos a ser felizes com nós mesmos, percebemos que a nossa felicidade não está nas mãos de ninguém a não ser na nossa.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Dia 3 - Voto de Castidade

A casa hoje está vazia, só eu e um filme meloso que me acompanha durante a tarde numa sessão de lágrimas quase forçada. Adoro as pessoas que acreditam que o amor é como nos filmes e vivem sempre com uma réstia de esperança que a surpresa desejada chegue no final, só que o final tarda e essas pessoas que eu tanto admiro no fim tornam-se pessoas rancorosas com as quais é impossível conviver.
Depois de um filme destes, perdemos a vontade de fazer qualquer coisa, quanto mais tarefas domésticas e acreditem que quando olho à minha volta tudo o vejo é uma casa inundada pelo caos, penso nesta mesma casa à meio ano atrás quando não só a casa como eu estávamos ambas em pleno caos. Não preocupava com o que as pessoas pudessem pensar se vissem a casa assim, aliás foram poucas as pessoas a ver e não me pareceu que lhes preocupasse o estado da minha casa mais do que o meu estado.  Sim, porque eu também acreditei durante tempos que a vida era como no cinema e no fim tornei-me uma daquelas pessoas amarguradas de que tanto falo mal.
O que seguiu foi um voto de castidade muito a sério que me fez renegar o contacto físico com homens durante meio ano, e como falta hoje precisamente uma semana para terminar este voto, por isso neste mesmo artigo irei fazer um resumo dos motivos e conclusões deste período de abstinência a que eu mesma, por vontade própria me induzi.
Comecemos por falar do quanto o sexo se tornou banal, incapaz de me despertar qualquer tipo de emoção ( e quem diz emoção diz sentimento) durante o acto,  sim e a rotina mata as mulheres quem é que quer sexo da mesma forma, na mesma cama, na mesma hora? Quando a coisa perde a novidade não há interesse que se tire dali. E sim o amor é muito bonito mas também aborrece quando é sempre demostrado da mesma forma.
Não me tornei lésbica, nem freira apenas me aborreci da rotina e quis-me por à prova, o incrível é que consegui. Seguiram-se uma lista de regras que elaborei com a ajuda de duas amigas para saber os limites que deveria estabelecer com os homens e métodos de ajuda em tempos de crise, seguem-se as mesmas ( visto que podem ser úteis caso alguém com escassez de sanidade resolva fazer o mesmo que eu):
1 - Sem flirts com os homens. (Embora uma boca inocente nunca tenha feito mal a ninguém e eu tenha a língua muito afiada e incontrolável)
2 - Não tocar nos homens. ( Penso que quando escrevemos esta regra referiamo-nos a um contacto físico num grau mais avançado e não aos abracinhos que dá-mos aos amigos homens quando estamos bêbedas)
3 - ACIMA DE TUDO. NADA DE SEXO! ( Quando escrevi esta regra não tinha em noção da dimensão do que me propunha fazer.)
4 - É preciso suplementos. ( Esta regra pode parecer enganadora mas não me estou a referir a vibradores mas sim ao chocolate, a melhor ajuda em tempos de crise é o chocolate.)
5 - Bebedeiras. ( Esta regra completa a de cima, álcool e chocolate são as melhores companhias de uma mulher, claro que um gato também ajuda.)
6 - Os benefícios da abstinência são impressionantes. ( Então não? Mais dois quilos em cima, um humor sempre irritante e claro o benefício mandar embora qualquer idiota bonito que pense que te pode levar para a cama naquela noite e hoje vai ter azar.)
7 - Sem homens. Sem problemas. ( Pura verdade! Não tens de te preocupar se o menino comeu, se o menino te meteu os cornos, se o menino quer foder e não te apetece, ou se queres tu e ele está ocupado.  Principalmente não tens de ser mãe de ninguém.)
8 - Arrumar a casa ajuda. ( Concordo, porque deixas de ficar irritada porque não podes ir para a cama com ninguém e passas a ficar irritada porque tens a casa suja e ainda não começaste a limpá-la.)
9 - Espancar trolhas depois de levar piropos. ( Quem diz trolhas diz  qualquer tipo de otário que faça qualquer tipo de comentário inoportuno e indecente.)
10 - Tratamentos de beleza. ( Sou da opinião que mesmo quando estamos sozinhas devemos cuidar de nós mesmas, afinal deves estar bonita é para ti.)
11 -  Explorar talentos. ( Desde trabalhos manuais a dedicares te a escrever um blog, todo o tempo deve ser aproveitado da melhor forma ao invés de te ficares a lamentar do que não tens.)
12 - Jejum causa controvérsia. ( Por isso se decidires induzir-te em qualquer tipo de abstinência prepara-te para as tentações, mesmo que provocadas voluntariamente por terem conhecimento, o melhor neste caso é mesmo não contares a ninguém o que estás a fazer.)
13- Um homem não suporta ser colocado na gaveta. ( Esta regra é um completo explicativo da anterior e lembra te que há homens que podem interpretar a tua abstinência como uma provocação.)
14 - Porque te apaixonas por todos os idiotas que te aparecem à frente? ( Esta não é nenhuma regra mas sim uma nota elucidativa das razões pelas quais alguém concorda em fazer um voto de castidade.)
Não penses que durante o voto de castidade vais encontrar o homem ideal que te vai fazer desistir, nem caias na tentação de lhes contar porque te vão gozar e nenhum vai aceitar tal facto como natural e esperar por ti. Se aceitou então caga no voto de castidade e faz-te à vida, conseguiste um milagre filha!



Dia 2 - Amnésia temporária

O engraçado é que entre estes dias cheios de chuva deste Inverno há sempre um dia de sol, que decidimos aproveitar sempre da melhor forma mas eu possivelmente acabo deitada no sofá a tentar recordar fragmentos da noite anterior. Sinto o cheiro a sujo em mim e vêm-me os vómitos à boca algumas vezes até ganhar coragem de ir à casa de banho. Acabo sempre por me perguntar como acabo por parar ali, se é por causa do álcool, se é por causa do tédio.Vale sempre a pena ouvir a música da Adele, já pré destinada a tocar essa noite ( como todas as noites) e sentir o súbito desejo de cortar os pulsos por momentos enquanto olho para a pista e vejo pessoas a delirar.
Regresso à realidade, não dormi e estou ainda um pouco contaminada com os resíduos de ontem à noite, só que acabamos por sair de casa para ir comer e apanhar ar.
Um dos rapazes do grupo intriga-me e faz me sorrir enquanto me capta o olhar e faz imensas expressões que me entretêm por instantes. Dizem que é quando perdemos as coisas que aprendemos a dar-lhes valor, eu prefiro acreditar que vale a pena viver tudo intensamente para não darmos tempo a arrependimentos. Meto-me algumas vezes com ele, é tímido embora aparente ser uma pessoa divertida, ainda não o conheço bem, é amigo de amigos e não fala muito. Rio-me um pouco com as figuras embaraçadas do rapaz enquanto a minha amiga me faz expressões com os olhos para que pare. Eu sei que não faz o meu género mas tem necessariamente que fazer?
Somem os pensamentos positivos e acabo por me lembrar de um casal de amigos que acabou recentemente, e volto ao meu humor entediado enquanto penso nas palavras de consolo e de esperança que lhes disse, quando eu mesma nem acredito muito nisso. Ela lamenta-se de ele não lhe ter dito mais nada enquanto apregoa não quer saber dele. Ele diz que se está a cagar mas pergunta-me sempre que pode por ela. Torço o nariz às relações embora não acredite em aventuras de uma noite.

Dia 1- Seis meses

Seis meses.
O ar na casa tornara-se respirável e é realmente um alívio não o ter mais por perto. Não se devia dizer isto de ninguém, ele que me desculpe por isto, as pessoas que desempenham um papel na nossa vida aparecem por algum motivo, devemos viver com isso como uma certeza.
Acredito no destino, mas é mais como desculpa de coincidências ridículas ou pressentimentos estúpidos, ou como meio de justificar o inexplicável e não mexer uma palha para trespassar emoções. Basta dizer " Foi assim que o destino quis" e pronto.
Foi assim que o destino quis, então acordei mal disposta, pronto. Não me arrependo e sinto-me aliviada, hoje consigo finalmente apreciar a estúpida da chuva a bater na persiana fechada do meu quarto depois de uma tarde de filmes perturbadores de alma. Eu adoro filmes perturbadores, despertam-me as emoções e tornam-me sensível. Uma pessoa que quer trabalhar com arte não pode perder a sensibilidade, embora eu me esteja a cagar para a arte a maior parte do tempo, tal como para as emoções. Julgo que tenho medo delas desde muito cedo, para isso criei uma defesa implacável de nunca deixar as pessoas perceber quando estou a falar a sério, é agradável ver os outros na dúvida, confusos, a pensarem que sou louca, claro que são os riscos a correr por se usar uma máscara, que na maioria das vezes resulta.
Com ele não resultava, dizia-me sempre "Tu não sabes brincar", eu ria-me imenso e achava engraçado vê-lo assim todo frustrado, vermelho e nervoso mas quando ele desapareceu e todas as outras pessoas continuaram na dúvida se eu falava a sério ou não, nunca mais ninguém me descobriu.
Pessoas odeiam-me por ser assim e é incrível como isso me conforta, já me perguntei se sou má pessoa, posso-me eu considerar uma piada de mau gosto? Até posso continuar mas não preciso de mencionar agora o quanto ego é infinito e vou deixar outra oportunidade para isso.
O que mudou? Deixei de escrever poemas porque já não acredito neles, começo a achar que acarretam involuntariamente algo de sentimental cujo o peso não posso suportar. Se eu voltar a escrever um poema considerem-me novamente emotiva, ou talvez bêbeda, também já aconteceu.
Retomemos ao centro da questão. Ele reaparece, mais velho 6 meses e fixo o olhar nele e cá dentro rio-me tanto como se tratasse de uma anedota. Não me apetece brincar desta vez e se eu tivesse que lhe dar motivos para voltar, eu diria:
" Não voltes onde sabes que não vais encontrar nada de bom." Soaria um pouco lamechas mas gosto da frase assim poética talvez para ele me lembrar de um jeito místico.
Devia escrever um livro, eu sei que devia, mas sou muito preguiçosa.