quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Dia 15 - O regresso

Os anos passaram mas não é com mais sabedoria que analiso as relações interpessoais que tenho com as pessoas que me rodeiam, apenas com a mesma ingenuidade e curiosidade que sempre tive. Rodeada de seres diferentes de mim, olho-os e ouço-os como quem dá uma chance de se revelarem ao mundo, nem sempre o que vejo me agrada, muitas vezes me desilude pela perda de tempo, mas a vida é assim mesmo, uma lição.

Encontro foco noutras coisas que antes a euforia da juventude não me permitia, um certo egoísmo, uma auto- estima talvez, que me põe no centro de qualquer uma outra opção que possa pensar em ter. 

O meio onde me encontro é diferente, sente-se isso em cada esquina desta cidade, tão cosmopolita como cultural, uma certa educação que se vê estampada no rosto das pessoas contrapõe-se ao afastamento pessoal com que se envolvem no dia a dia, tão mecanizados.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Dia 14 - A vida continua


O quarto já está vazio de recordações, mas o olhar que Ela traz cada vez mais abatido, consome-a. Já não existe um cofre com esperanças naquele quarto, onde ao fim de tanto tempo se tornou um quarto vazio.
Tem sido pressionada no trabalho, anda desleixada, não quer saber de nada nem mesmo de si.
Ele seguiu com a vida parece-Lhe bem sempre que O encontra na noite, divertido com uns amigos ( e algumas amigas). 


Dia 13 - Plano de fuga


Encontra-se no meio da rua a caminho de uma reunião, parece tranquila mas na verdade a inquietude dos primeiros dias ainda a acompanha. Olha-se satisfeita no reflexo de uma vidro de uma loja a pensar no quanto já não pensa Nele mas logo nesse momento dá-se conta que já está a pensar. Distraí-se, mas é uma falsa distracção de quem quer iludir o mundo mas nem assim o consegue.
O trabalho que tanto ama, sufoca -a e a vontade de ficar o dia todo na cama reticente em pensamentos alheios atrai-a cada vez mais ao ponto de inventar as desculpas mais ridículas no trabalho e até para os amigos.
Magda conhece-A desde pequenas, não entende o seu estado porque sempre a viu superar bem as situações, mas uma relação de tantos anos..., pensa esta. Decide dar uma festa, nada melhor que uma festa para Ela desanuviar, não conseguindo recusar o convite Ela vai à festa.
O àlcool em primeiro plano consegue distrai-La nas primeiras horas. O DJ é um conhecido e o som está a favor. Mas não lhe saí da cabeça, se Ele aparece, se terá sido convidado...
Nas horas seguintes contempla uma vária dose de anfetaminicos divertidos que Lhe oferecem, distraí-se mas nem assim tanto, ainda pega no telemóvel mas acaba por desistir de enviar a mensagem ainda meia escrita como se senti-se um alívio. 
Acaba por sair do espaço com um grupo de amigos, rumo a um espaço conhecido, como se proposita-se o facto de Ele estar lá e estava. Consegue agir naturalmente como se este se trata-se de um velho amigo, dificil por vezes, mas tenta e acredita conseguir. Sente que não A olha nos olhos. Constrangedor. 
Vão embora juntos mas Ele segue com os amigos esta fica em casa. Ele pergunta-Lhe se Ela chegou bem. Esta lamenta, mas ignora-O e adormece.

Dia 12 - A Outra


As horas parecem eternidade a passar, as forças sumiram e um desespero profundo apodera-se da sua alma antes viva e determinada. As más línguas falam-lhe da Outra mas ela não quer acreditar, ainda é cedo para começar a aceitar a Outra, Aquela que em todos os pontos e aspectos a supera, Aquela que veio para preencher um lugar que até ontem julgou ser só seu. 
Tende a questionar-se na dualidade do bem estar Dele com o bem estar Dela. Ele não lhe havia dito nada, certamente não se importava, embora o tivesse avaliado ao longo deste tempo como uma pessoa que se guardava muito em si próprio e acredita nunca lhe ter descoberto o verdadeiro Eu, por dentro lamenta.
Vai a um jantar com amigos para se distrair, todos a estranham mas não revela a causa do seu verdadeiro estado. Os exames, a faculdade, comenta e todos aceitam a resposta, compreensivos.
Ele não lhe saí da cabeça, sente-se possuída, em casa toma doix xanax perdidos na mesinha de cabeceira enquanto esvazia um whisky esquecido de uma festa passada, a garrafa Dele. 
Ri-se por fim ainda a comparar a sua figura depressiva perante a Dele, com a Outra. Sim disseram-lhe que havia Outra! Tinha que aceitar, não havia Outra solução. Que culpa tinha Ele de ter perdido o interesse por Ela e se ter interessado pela Outra? Há coisas que o destino nos reserva por determinado objectivo que eventualmente neste momento desconhecemos mas no futuro viremos a descobrir. O importante é não desesperar e saber esperar, as respostas virão com o tempo, se assim tiverem que vir, pensa Ela.

Dia 11 - Destroçada e nas ruas da amargura

Não há durona que não sinta as mazelas de um amor não correspondido e bem pode fingir que não pois só na solidão esta desabafa e lamenta a vida ter-lhe virado as costas quando tudo parecia ir tão bem.
A Lolita é assim, fria e forte como se uma armadura de cavaleiro mediaval a cobrisse, a vida fez-a assim, não é por isso pior amiga, muito pelo contrário.

Assim, quando entendeu Ela já ter perdido o grande amor da sua vida, deixou-o ir sem lhe suplicar que ficasse, sem lutar por Ele mais uma última vez. Ainda olhou para trás e já ao longe viu-o voar livre, seguindo o seu caminho sem o peso da mágoa dela nos seus ombros, no fundo sentiu-se também assim livre sabendo que nunca mais o seria.
Chorou sozinha pois hoje em dia já ninguém partilha lágrimas sinceras com as outras pessoas, olhou em volta para as fotos de uma felicidade mútua que haviam trocado aqueles últimos cinco anos, o meu menino, murmurou no silêncio daquele quarto agora só preenchido com os seus passos e deixou se cair na cama que ainda fedia o cheiro daquele que deixou partir, aos poucos as lágrimas que escorriam como chuva secaram na sua cara e a calma foi-se aponderando do seu corpo trémulo e frágil com o desgosto. Melhor assim, sabia que sim, mas é difícil aceitar a verdade e ninguém gosta de perder. Haveriam mais amores na sua vida, diziam-lhe, mas isso a Ela não lhe importava, arranjar um amor para esquecer o outro é quase tão doloroso como sexo sem sentimento, a falsidade apodera-se de nós, da nossa voz e dos nossos gestos e no fim, só um vazio cá dentro que nos faz desejar a morte, só para não enfrentar a humilhação de se olhar para o espelho outra vez.
Desligou-se do mundo, para viver sozinha aquela dor que não deve ser partilhada tal como a garrafa de vinho que bebeu no jantar solitário aquela noite e como a mesa, antes tão pequena para os dois se tornava gigante à medida que o seu jantar prosseguia, pensou que o álcool a ajudaria a esquecer mas acabou por se aperceber que fora pior, surgiam recordações de momentos que já há muito não se lembrava, como lamentava tê-lo deixado partir, devia ter-Lhe dito? Para quê? Iria Ele ouvir? Nos últimos dias juntos pareciam perfeitos desconhecidos a trocarem com frieza palavras necessárias, cada um a idealizar as suas vidas perfeitas que mais dia menos dia se separariam porque o destino assim o quis.
Amanhã será um dia melhor, pensou,embora nem sempre seja assim.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Dia 10 - É tudo uma questão de cansaço!

Há dias em que não estamos bem com nada, como se até o tudo não fosse suficiente para preencher o nosso ego. Passei o dia todo a engolir uma questão pragmática de insatisfação permanente, ou era demasiado aborrecido ou simplesmente não estava para aí virada.
O mesmo se tem passado nas relações que avalio na minha mente, é uma falta de disposição constante a satisfazer os desejos um do outro, nada é suficiente para encontrar o equilíbrio ideal, se é que ele na realidade existe, começo a crer que não.
A questão do tempo diz-se ser crucial, o esperar e se sim quanto tempo mas contrapondo uma situação ao lado da outra as possibilidades são as mesmas há sempre 50% de probabilidade de tudo correr bem, como há outra igual de correr mal, é sempre um risco.
Estamos demasiados absorvidos por uma sociedade em mutação que não vivemos o bom das relações, talvez seja isso, é tudo uma questão de cansaço.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Dia 8 - Jogo das personagens

Fetiche de muitos, nada contra, se há quem goste de levar porrada não tem mal nenhum hoje fazer de conta que sou uma tailandesa que geme a noite inteira, eles gostam dessas merdas...
Acabas por perguntar a ti mesma o que é que realmente tu queres ser...és a namorada pudica ou és a "cabra" que põe o namorado das outras a bater umas na casa de banho? Eu sei, é lamentável mas são as condições a que os homens nos sujeitam.
A maior vantagem do jogo das personagens é, se tiveres sorte e ele for bom actor, todos os dias por estar com um homem novo, nunca te cansas dele, claro que é preciso teres muita sorte mas com fé pode ser que um dia consigas...
Também há aqueles que vivem o jogo das personagens na pele e são eles próprios uma personagem, tentadores, sem dúvida alguma, mas causadores de muitos distúrbios, principalmente emocionais por isso atenção até que ponto que te decides envolver. Embora complicado, não é impossível atingires o coração deste, mas à partida que te sujeites a fazê-lo convence-te que podes acabar a colar as peças partidas do teu próprio coração ao ponto de não conseguires e acabares uma vaca se coração pré destinada a partir corações de pobres almas que se cruzem no teu caminho com o objectivo de te fazer conhecer o amor, no qual já não acreditas porque entretanto já te tornaste uma frustrada e a não ser que a namorada frustrada seja uma personagem do jogo, estás a jogar o jogo errado.